terça-feira, 25 de março de 2014


                                                TENTE ESQUECER QUE UM DIA ME AMOU
 
Tente esquecer que te conheci um dia
Que juntos compartilhamos um amor,
Tente esquecer de tudo que fiz
Tente esquecer também a minha dor.

Tente esquecer os passeios nos campos
As lembranças, os beijos e abraços...
Tente esquecer aquela que era nossa música,
                                               Tente esquecer os meus devaneios e fracassos.

Tente esquecer nossos sonhos...
E se uma sombra te fazer lembrar de mim,
Não lembre por favor! Não lembre mais
E nessa história bote agora um fim.

Tente esquecer o meu semblante,
O meu perfume que ficou em sua mente
Esqueça os meus carinhos, o meu sorriso
Não plante se quer uma semente!

Tente esquecer que estive a seu lado
Esqueça os versos desse trovador...
Esqueça tudo que passamos juntos,
Tente esquecer que um dia me amou.

José Antonio Basto
25/03/2014





terça-feira, 11 de março de 2014


Dia Nacional da Poesia: a pena veloz e o verso
         
          Escrever poesia talvez seja mais difícil do que escrever um texto normal em prosa ou dissertação. O gênero poético é um dos mais antigos de que se tem noticia na história, onde pode-se exemplificar a ilustre obra do imortal Homero – “Ilíada e Odisseia”, a história da famosa Guerra de Troia narrada em versos. Acentuando ainda a antiguidade, alguns dos textos bíblicos podem ser considerados poesias como o espelho lírico de “Cântico dos Cânticos” de autoria do Rei Salomão – filho de Davi e o capitulo 13.1-a 13 da epistola do apostolo Paulo aos Coríntios, tratando-se especificamente do amor. A poesia é uma maneira de ver e recriar o mundo da maneira que o autor quer. Existem três tipos de poesias: as existenciais, que retratam as experiências de vida, a morte, as angústias, a velhice e a solidão; as líricas, que trazem as emoções do autor em falar de si mesmo o “eu lírico”; e a social, refletindo como temática principal as questões sociais e políticas.
No Brasil a poesia ganhou um dia para celebração, a data foi escolhida em 14 de Março – coincidindo então com a data de nascimento de um dos mais importantes poetas do Brasil: Castro Alves (1847-1871). O poeta dos escravos, da juventude e do amor, este jovem escritor baiano começou sua carreira de trovador ainda muito cedo em sua adolescência. Castro Alves lutou grandemente pela abolição da escravidão no Brasil, além disso, era um grande defensor do sistema republicano, assim com todos os poetas ele sempre amou os livros, a liberdade, a justiça e a beleza feminina. Sua indignação quanto ao preconceito racial ficou registrada na poesia “Navio Negreiro”, chegando a fazer um protesto contra a situação em que viviam os negros. Mas seu primeiro poema que retratava a escravidão foi “A Canção do Africano”, publicado no jornal “A Primavera.” O poeta da abolição publicou um único livro em vida – chamado “Espumas Flutuantes” – tida como clássico da poesia brasileira. Ele morreu aos 24 anos de idade na cidade de Salvador deixando seu importante legado às futuras gerações. Por esse motivo o Dia da Poesia no Brasil é um momento de lembrar a figura emblemática não apenas de Castro Alves, mas de muitos outros poetas que foram e são fundamentais nos estudos de nossa tão rica literatura, para confirmar com ênfase essa questão, o professor do Departamento de Letras (Delet) da UFOP, Carlos Eduardo Lima Machado, fala que a importância da poesia na literatura brasileira está, principalmente, nas grandes obras de Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Murilo Mendes e João Cabral de Melo Neto. "Penso que a poesia posterior a esses autores merece mais uma posição crítica do que se registra hoje”, afirma. Com isso é importante frisar a enorme contribuição que a poesia tem feito na formação dos estudantes. Um leitor de poesia nem sempre é alguém que está na escola: Existe uma edição de “Espumas Flutuantes” de uma determinada editora, onde na última capa do livro, os editores advertem que aquele livro foi preparado com as notas para os vestibulandos do Brasil, mas muito além disso ele também supre as necessidas de um bardo leitor de poesia e principalmente aqueles que se dedicam aos estudos castro-alvinos. Com essa clareza pode-se dizer que a cultura poética é difusa e não existe um só público para lhe desfrutar. O poeta maranhense Ferreira Gullar em uma certa entrevista disse que o individuo leitor de poesia ver o mundo diferente. Manoel de Barros, poeta pantaneiro – um ícone vivo da língua portuguesa, frisou que a poesia não é pra se entender e nem para se adivinhar, o poeta tem sua ideia formada que as vezes é muito diferente e contrária a de quem vai interpretar. A prática do fazer poético é magistral e vai muito além do conhecimento individual. Inspirar-se para escrever um trabalho em versos não é tarefa muito fácil, pois requer determinação e força de vontade. Uma folha de papel está na mesa, tem um pensamento, uma pena e o tinteiro... esses instrumentos tem a capacidade de mudar o mundo, para nos mostrar isso, o mestre Carlos Drummond Andrade escreveu assim: “Gastei uma hora pensando um verso/ Que a pena não quer escrever/ No entanto ele está cá dentro/
Inquieto, vivo/ Ele está cá dentro
e não quer sair/ Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira
.”
          José Antonio Basto
          (Poeta)
          Março de 2014 – em homenagem ao Dia Nacional da Poesia brasileira

sexta-feira, 7 de março de 2014



Canção misteriosa

 
I
Numa dessas tardes eu meditava
Ao som dessa canção misteriosa
Longe de tudo eu estava...
Quando achei a poesia perigosa!
Minha alma solitária suplicava
No balsamo da teia nervosa,
Um pássaro chorando a gorjear
Implorava: - natureza... natureza é o meu lugar!

II
A calmaria toma conta do meu ser
Um sopro do alto de desfez...
Um juriti ecoa seu sofrer
E a nambu responde em viuvez
Eu tentava aquilo entender
No âmbito  de minha sensatez
Em silêncio as palmeiras se comunicavam
Dessas idéias que me perturbavam.

III
Águas corriam lentamente,
Rumo a um rio perspicaz
Não podia ser tão diferente
Quando um dia tudo se desfaz
Passando pelas matas tão carente,
Por eu ser trovador, poeta audaz
Entendo a voz de um triste vento
Sobre as notas de um violão violento!

IV
Como uma ilha do exilio imperial
 - Viveu em Elba Bonaparte –
Reproduzindo a imagem surreal
Nessa tela reflete minha arte!
Nem tudo pode ser igual,
Quando o jogo pede o descarte
Ouço sozinho esta canção...
Tentando acalmar o coração.
  
V
“Diferente” – está escrito no letreiro,
Entre as folhas dos garranchos espalhados
Caçador talvez, não sou mateiro...
Refugiado continuo bem calado
Nesse canto melancólico verdadeiro
Estivemos lutando lado-a-lado,
A cantiga da cigarra então dispara
No zinir do canto que declara.

VI
Observei tudo aquilo e fui pensar
Seguindo o mundo dessa rima
No sacrário é onde eu vou guardar
Os papeis dessa obra prima
São simples, mas é o meu pensar...
“Natureza” é a obra que ninguém termina,
É o impossível que o poeta pode ver!
Mas nunca... jamais vai entender.

 JOSE ANTONIO BASTO

02/08/2013