quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A COLONIZAÇÃO DO CERRADO BRASILEIRO E A RESISTÊNCIA DOS POVOS DESSE CHÃO


Reunião da CPT e entidades envolvidas no projeto - São Luís, 29/01/2019.
Quando se fala no processo de colonização de terras no Brasil, imaginamos  logo de imediato na memória os antecedentes criminais de quando e como a questão das terras brasileiras foram colonizadas e exploradas, primeiramente pela "Coroa Portuguesa", em seguida pelo Império e, mais tarde pelo sistema político adotado pelo "Coronelismo" no início da República Velha. Sendo os portugueses e seus descendentes - os herdeiros da estrutura agrária deixada no interior das entranhas de um "Brasil de Mãe Preta e Pai João" . Ficara para trás, sem piedade, um legado de violência contra os índios, agricultores, sertanejos, assentados, quebradeiras de coco, pescadores, e tantos outros grupos de negros aquilombados que sofreram mais de 300 anos de cativeiro em situações desumanas. Essa herança de dor, desrespeito, desacato e expropriação das terras se refletem com clareza no espaço que compõe hoje o maior e mais rico bioma que é o "Cerrado Nacional", se estendendo por vários estados e regiões diferentes. Ocupando aí, um grande território riquíssimo em biodiversidade de fauna, flora, minério e sobretudo água. As grandes bacias hidrográficas dos principais rios do país estão no "CERRADO". Sendo assim, botando em disputa no leilão econômico do mundo a cobiçada "Caixa D'água" que abastece a nação e alguns países da América Latina. O Cerrado há algumas décadas atrás tem sido ocupado e colonizado de forma veloz e avassaladora pelo grande capital nacional e estrangeiro, por via das "políticas de commodities" flexibilizando a balança e bolsas de valores de países ricos da Ásia, Europa, África e América. Representado e financiado pelo agronegócio da soja, eucalipto, criação de gado, construção de barragens e mineração. Botando então em jogo a vida dos povos e comunidades tradicionais que sobrevivem diretamente dos recursos naturais tirados da terra, das florestas e das águas desde séculos remotos. São muitos os casos de conflitos fundiários que vem se perpetuando ao longo do tempo e, ainda mais agora onde os sistemas políticos e administrativos, principalmente a esfera federal têm apresentado uma "filosofia prática" de criminalização dos movimentos sociais, com favorecimento ao latifúndio e as grandes empresas que vêem a terra como um simples instrumento de capital e poder. O Maranhão se enquadra nesse jogo como o viés principal de produção, exportação e escoamento de produtos através de seu posicionamento geográfico privilegiado de PORTOS  como o "Itaqui". Com a mudança sistemática de governo, o movimento camponês tem sofrido com contínuas ameaças sistemáticas de reformas e MPs que visam destruir conquistas memoráveis desse seguimento tão importante que foi escrito com muita luta e derramamento de sangue dos heróis companheiros e companheiras que nos dão forças pelo que fizeram em vida. Com esse espírito fraterno, modesto e solidário a "Comissão Pastoral da Terra" - (CPT) - num evento realizado em São Luís, dias 29 e 30 de janeiro de 2019, lança com participação de várias entidades e seguimentos sociais a primeira edição da "Revista Cerrados" e o documentário "Cerrados: Rostos, vidas e identidades". Com o intuito desse veículo servir como instrumento de luta contra as adversidades apresentadas nesse momento um tão pouco complicado da histórica do país.

José Antonio Basto

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

UM CERTO GUIMARÃES

Mayron Regis, jornalista, cronista, ensaísta, assessor de comunicação do Fórum Carajás e sobretudo ambientalista... Talvez não seja um Guimarães Rosa da vida, autor de "Grandes Sertões: Veredas". Ele ainda não escrevera sobre os Sertões do Norte Minas - talvez. Mas ver com veemência os problemas sociais e socioambientais do Baixo Parnaíba Maranhense e de outras partes do Maranhão. Ele escreve bíblia, como dizia o amigo sociólogo Iran Avelar. Suas bíblias, ironicamente não falam da religião hebraica, mas falam das fronteiras do agronegócio no estado do Maranhão, ou em partes de suas fronteiras. Mayron escreve sobre o sertão... Sobre a resistência das comunidades em defesa das chapadas e dos bacuris... Dos territórios. Mayron escreve sobre gente, sobre bichos, árvores e frutos. Um escritor de cunho social que não se preocupa com as normas e estilos literários, nem com escolas de épocas, tanto pelos seus críticos, muito menos pelos seus leitores, ele não se importa... Ele tenta mostrar o que é certo e o que é errado. Escreve o que vem do coração. Sua prosa, um tão pouco poética nos faz refletir quando se ler as obras de Caminha e José de Alencar... E o próprio Guimarães. Viajar pelo sertão do Maranhão e descrever seus problemas não é tarefa muito fácil e, ainda mais, quando se vive a tarefa. É uma questão de determinação. Este jornalista ambiental faz isso com mestria, como Camões escrevera seus magníficos Sonetos e os Lusíadas. Regis, além das letras é um comunicador que também entende de criações de galinhas. Seus trabalhos são respeitados, não pelo estilo, mas pela narrativa e originalidade da obra, da qual tem haver com o dia-a-dia no campo. 

José Antonio Basto. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Soneto de ano novo


As luzes brilharam lá no céu!
A estrela vésper no oriente acendeu
O canto do galo ao norte respondeu
Uma mensagem gravada no papel.

A obra maior de um menestrel
É o "Novo Ano" que o amanhã amanheceu
De cima a glória então desceu...
Vindo sonhos escritos em doce mel!

Tantos dias se passaram  em sombra oculta...
Tantas coisas... Mentiras e verdades!
Consciência é a maior de todas as consultas...

Foram trezentos dias de saudades!
Vem mais trezentos dias de labuta...
Desejo-vos muitas e muitas felicidades.

José Antonio Basto
31/12/2018.