quarta-feira, 25 de julho de 2018

MOCAMBO

Rio Mocambo - Urbano Santos-MA.
Nascia um novo caminho
Pregando a nobre verdade
Corria as águas em chama
No fogo da liberdade.

Era o Mocambo de lutas
Escrito em um cartaz
Balaios que desejaram 
Pão, terra, água e paz.

Na epopéia dos tempos
Disparava no sertão...
Bacamarte a tiracolo
Estrondava n`amplidão!

Solo vermelho ficara 
Nas trincheiras lá da serra
Insurretos corajosos 
Que lutaram nesta terra.

E o rio vai descendo 
Testemunhando a certeza
Entre matas e brejais 
Compondo a mãe natureza.

Pujante o sonho de ontem
Resplandecia em glórias 
Escrevendo seu capítulo
No “panteon” da história.

José Antonio Basto 
*Em memória aos valentes insurretos que encontraram refúgio seguro sob as margens do Rio Mocambo no final da Balaiada, entre 1841 a 1842. Iniciando-se a partir de então a origem do primeiro vilarejo chamado Mocambinho, depois Mocambo, mais tarde Ponte Nova, hoje Urbano Santos.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

RIO PRETO E OS BALAIOS

"Rio Preto" - Comunidade Bebedouro, Urbano Santos-MA

O Rio Preto – ou “Rio dos Pretos” – como era chamado antigamente, nasce numa região de brejos e chapadas na localidade de “Saquinho” no município de Buriti de Inácia Vaz – no meio do Baixo Parnaíba, servindo de divisa entre os municípios de AnapurusMata Roma e Chapadinha... Desaguando no Rio Munim. Lugar esse que abrigou os valentes Balaios liderados por Negro Cosme e Raimundo Gomes. O Rio Preto foi muito importante no processo da construção de esconderijos e extralegais militares dos insurretos que viviam fugindo das perseguições das forças legalistas do exército imperial.
"Criação de Cabras" - Com. Bebedouro - U. Santos-MA.
Possivelmente no inicio de tudo, este rio tenha sido descoberto pelos Índios Anapurus, da Tribo e tronco Tupi, sendo estes os primeiros habitantes da desta região. Segundo alguns historiadores, os índios Anapurus eram nômades, chegaram a ocupar terras litorâneas e do interior do nordeste e meio norte, mas em razão do choque cultural com os colonos europeus, se dividiam em pequenos grupos que procuraram migrar para várias regiões além do litoral marítimo. Baseados nesses fatos, todos os historiadores acreditam que os habitantes primitivos da cidade de Chapadinha por exemplo devem ser os índios Anapurus e seus descendentes da Tribo Tupi. Em face da topografia plana e da cor das mulheres primitivas que habitavam o local, daí o povoado era conhecido como “Chapada das mulatas”. O Rio Preto que tem águas barrentas e não escuras como o Rio Mocambo de Urbano Santos, foi batizado com esse nome por causa da presença de quilombos em suas margens na época da Balaiada, como por exemplo o “Quilombo de Lagoa Amarela” liderados por Negro Cosme e o “Quilombo de Bom Sucesso dos Pretos”,  entre Mata Roma e Urbano Santos – que é uma “Terra de Preto”. Sua água é apropriada para matar a sede do gado, acreditando ser nutritiva para as reses se desenvolverem, diferente de outras águas – fato esse que se configura na presença de muitas fazendas no decorrer das formações dos Povoados. As comunidades tradicionais usufruem das águas do Rio Preto também para pescar; plantam culturas básicas da agricultura familiar nas baixas após a passagem do inverno.
Sr. Raimundo - fabricante de jacás - (cestos) - Bebedouro
Ao longo de seu percurso as encostas laterais são cobertas de matas rasteiras e arvores todas, morros e vales – apropriados para a criação de bodes (cabras) e outros animais que serve como fonte de renda e alimentação para as comunidades rurais. Um município do Território do Baixo Parnaíba recebeu o nome em homenagem ao rio que corta a cidade: “São Benedito do Rio Preto”.

José Antonio Basto





terça-feira, 3 de julho de 2018

Águas belas... Belas águas

Riacho da Comunidade Rural de Pau Ferrado - Belágua-MA.

Águas que brotam na fonte
Nascem além do horizonte,
Cortam a mata e passa a ponte
Da terra sempre jorrar
Enfeita a natureza...
Sorrindo na correnteza
Brilhando com sua beleza
Numa noite de luar
"Águas claras, águas claras
São tão belas...
Belas águas do cantar".




A sombra bate na areia
Chuva que engrandece a cheia
Tão clara que encandeia...
No manto crepuscular,
Águas que se vão correndo
Deslizando e lhe dizendo
Mesmo não compreendendo
Na palavra a conversar...
"Águas claras, águas claras
São tão belas...
Belas águas do cantar".

Nuvens brancas lá no céu,
Compondo neste papel
Pássaro que canta fiel
Gorjeando sem parar
Chuva que desaba forte
Trazendo a grande sorte
Não teme medo da morte
Frutificando o pomar,
"Águas claras, águas claras..
São tão belas...
Belas águas do cantar".

Os velhos buritizeiros 
São os eternos guerreiros
Que vigiam o tempo inteiro,
Toda história a escutar!
Guardam as águas da alegria
Estão lá todos os dias
Compondo a poesia
Numa obra secular!
"Águas claras, águas claras
São tão belas...
Belas águas do cantar". 

José Antonio Basto







bastosandero65@gmail.com