quarta-feira, 21 de maio de 2014


Soneto da ultima saudade

Treme meu triste coração solitário
Na angústia de um tempo que não vem
Morri e ressuscitei no panteon do além
Cruzes carrego junto ao meu calvário.
 Esqueci essa data do antigo calendário
Os teus carinhos amorosos e desdém...
Um fogo em violentas chamas me convém
Rasgue os meus versos todos ao contrário!
 Cantei, sonhei... escute eco de minha triste voz
Nesta ação que machuca tão veloz,
Não sei se em minha rima ainda há fidelidade...
 Um sopro do alto guiou-me pelas campinas
Entre os braços de tua sombra mais divina
Lembrei-me de ti senhora e senti saudade!

José Antonio Basto



terça-feira, 13 de maio de 2014


A abolição inacabada
       
Eu com crianças quilombolas do quilombo de Bom Sucesso dos Pretos / Mata Roma-MA
causa na luta contra o mais horrível dos sistemas que perseguiu a humanidade.
Os problemas sociais no Brasil, em especial o da escravidão negra, foram mazelas e feridas que ainda hoje não cicatrizaram e continuam na alma e na lembrança dos afro-brasileiros. Os mais de trezentos anos de cativeiro negro e indígena que perdurou em nosso país – dizimando o continente africano, foi sem dúvida uma das maiores vergonhas desta pátria. Só que uma coisa não é lembrada em nosso meio: os escravos nunca aceitaram pacificamente a escravidão, fugiam e formavam quilombos, resistiam aos ofícios não fazendo os trabalhos ordenados pelo patrão, quebravam instrumentos de trabalho, as mães num momento desesperador até abordavam seus filhos para não vê-los futuros servos de brancos, em fim... a luta dos negros foi acirrada: Zumbi foi assassinado, Negro Cosme enforcado numa praça pública para assim mostrar o poder do estado imperial repressor. Mais de dezoito milhões de africanos foram deportados da África para o Brasil, a Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil, mas isso também não valeu a pena, porque o tráfico de negros continuou na clandestinidade. O período romântico no Brasil principalmente a terceira fase foi um dos alicerces para que grupos de intelectuais influenciados principalmente na Revolução Francesa formassem grêmios a fim de discutir uma política de apoio aos escravos. Esses grupos deram origem às chamadas “Sociedades Abolicionistas” – essas organizações tinham o objetivo de alforriar escravos, esconder negros fujões das fazendas até que conseguissem achar um quilombo. Uma campanha foi idealizada mas quando deu certo não foi cumprida porque muitos negros após o 13 de maio de 1888, continuaram sendo escravos do preconceito e da discriminação racial até os dias de hoje. A abolição de 13 de Maio foi inacabada porque a D. Isabel apenas assinou com um traço de pena a Lei Áurea, uma vez que ela nunca realmente lutou por uma bandeira abolicionista, ela assinou foi por pressão. A abolição foi inacabada porque os afro-brasileiros ainda apresentam os maiores índices de analfabetismo, as favelas, guetos e cortiços em sua grande maioria são habitados por negros, morre mais jovens negros no Brasil do que jovens brancos; há quem diga é porque são pobres, sim a escravidão negra sempre mostrou essa face criminosa do desamparo, da angústia, desrespeito e pobreza, são pobres e são negros. Uma sociedade com problemas de escravidão não tem como avançar no que se diz respeito a economia e o progresso. A História do Brasil é uma história feia, são páginas de opressão e sofrimentos, um sujeito só faz um serviço com gosto se realmente for remunerado, claro que o progresso se estende através do trabalho assalariado. A escravidão negra ainda nos reflete um quadro obscuro e sem escrúpulos, as lutas sociais, a rebeldia dos jovens e os sonhos de um dia ter uma vida melhor, foram as bandeiras que hasteadas para o sol nascente alcançaram a vitória de uma luta que durou mais de três séculos. Essa luta que esteve na imprensa e nas linhas dos poemas calorosos de Castro Alves, anuncia agora com muito otimismo a “A abolição Social” dos negros e negras dos nossos dias atuais. Queremos ouvir o som do berimbau, do atabaque e do agogô... queremos cantar e brincar em homenagem às flâmulas que conseguiram a abolição mesmo pendente. Abaixo os 126 anos da falsa abolição nesse 13 de maio de 2014, essa luta é de todos nós, o Brasil precisa erradicar urgentemente a escravidão social das páginas de nossa história.  
   
“Minha alma ainda treme de frio e indignação quando se lembra da chibata que assolou o couro dos meus irmãos cativos.”
(J.A. B)
José Antonio Basto
Urbano Santos/MA, 13/05/2014
 - Dia da falsa abolição da escravatura no Brasil

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Tua lembrança me faz bem


I
Ainda sonho contigo
De vivermos uma história
Senhora de minha vida,
Minha flor e minha glória.


II
Minha voz corre os mares
Em busca de alegria,
Tome esses versos em suas mãos,
É sua minha poesia.

III
Sei que sou melancólico
Por lembrar dessa paixão,
Mas não posso mentir
Para o meu triste coração.

IV
No frio da noite escura,
Reflete meu pensamento
Na lembrança dos seus olhos
Mora os meus sentimentos.

V
Escrevo agora pra ti...
Não sei se lerás minha dor!
Mas saiba que um dia
Foste meu maior amor!

José Antonio Basto