sábado, 1 de fevereiro de 2020

Algum tempo na terra


Poucos sabem da terra em que moram, alguns nem pouco, nem muito, demoram para entender. Pra que vender uma terra que tanto deu trabalho para conseguir? Se é que ela teve dono algum dia. Todos devem ou deveriam saber ao menos do seu real valor como mãe alimentadora de todos os filhos. Eles lutariam juntos, ajudou-se quando necessário e da maneira que se pôde ajudar, porque sabia-se da situação em que se encontrava o conflito. A ganância pelo dinheiro mudara o destino do vilarejo, tivemos que voltar lá para mais uma vez orientá-los a não vender suas terras, ou parte delas – pois com o passar dos dias perderiam tudo, não apenas eles, mas as outras chapadas e comunidades vizinhas. O capitalismo às vezes acaba mudando o pensamento e a ideia do homem. Esquecem dos dias de labutas e batalhas; abusa de um sistema, cerca suas vítimas sem que elas percebam. Pra que enriquecer? O homem simples do campo tem tudo que precisa quando tirando da terra que tudo dá... água, peixe, alimentos, frutos da mata e da lavoura. Precisam viver bem e a terra é sua grande mãe. Algum tempo passaria naquela terra e por que não passar! Se a terra donde moram há décadas, séculos fora sempre seu espaço de luta e vida. Ela daria muito trabalho para conquistá-la judicialmente – um conflito fora travado contra os que diziam serem donos. Os camponeses desistiram a ferro e fogo, com unhas e dentes alcançaram a vitória, graças a resistência e a coletividade. Portanto não há motivos para vendê-la.
                    
José Antonio Basto

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