terça-feira, 29 de março de 2016

SANTA ROSA BACABAL: Terra, sangue e resistência das comunidades rurais!

José Antonio Basto - "análise de conjuntura sobre a situação fundiária 
O sangue derramado na Santa Rosa, ameaças e desacatos aos direitos humanos contra os trabalhadores rurais por parte do latifúndio não amedrontou e jamais amedrontarão as comunidades que lutam pela posse de suas terras, sobretudo suas liberdades. A “Caminhada pela liberdade, justiça e paz, do Bacabal à Santa Rosa” - foi um grito de alerta para os participantes: lideranças comunitárias e presidentes de associações do nosso IV SEMINÁRIO AGRÁRIO DO STTR que aconteceu nos dias 26 e 27 de janeiro de 2016, sediado nestes povoados, mapeados como áreas de conflitos na Região do Baixo Parnaíba Maranhense.  Os trabalhos começam com uma mística de abertura e apresentação dos convidados de 12 comunidades do município de Urbano Santos: Boa União, Baixa Grande, Sítio do Meio, Serraria, São Raimundo, Buenos Aires, Bebedouro, Cocal do Zeca Costa, Cajueiro, Cajazeiras, Bacabal e Santa Rosa. Eu como funcionário e colaborador de formação do STTR – apresentei uma análise de conjuntura sobre as áreas de conflitos fundiários e socioambientais no Baixo Parnaíba, para que os trabalhadores rurais tomassem conhecimentos de seus direitos e independências no território, afinando-se nas questões do mapeamento das famílias ameaçadas em suas áreas agrícolas -, informações de um documento levantado pelo FDBPM em 2015 que já apresentava 78 situações de conflitos, envolvendo diversas comunidades, inclusive a Santa Rosa.
trabalhos em grupo
Até o momento, foram identificadas 8.104 famílias em 14 municípios, na região da Diocese de Brejo, que encontram-se nessa situação de risco, vítimas de violência e desacatos por parte de grileiros, grandes empresas e latifundiários. Na sequencia foi apresentado os “Projetos e ações do Fórum Carajás” na pessoa do jornalista Mayron Regis, como galinheiros, projetos sustentáveis de manejo do bacuri e outros frutos do cerrado, além de uma breve avaliação sobre a luta dos camponeses (as) em defesa de suas terras, problemas de impactos sociais e socioambientais praticados principalmente pela Empresa Suzano Papel e Celulose. Ao meio dia veio um almoço saudável acompanhado de suco de bacuri colhidos naquelas belas chapadas que até no momento estão intactas e protegidas, mas também ameaçadas indiretamente pelo eucalipto que já mora não tão longe dali. A tarde foi à divisão e elaboração dos trabalhos em grupo – para que os participantes colocassem suas ideias e desejos em prática, finalizando as tarefas do dia com as apresentações desses trabalhos e uma avaliação e encaminhamentos do primeiro momento.
No segundo dia começou cedo com a “Caminhada”, passando pelo local onde as casas foram queimadas e destruídas a mando do latifúndio, no final do percurso ouve alguns depoimentos das vítimas que ainda sofrem pressões psicológicas e vivem com medo do acontecido. Na sequência, os trabalhadores voltaram para o barracão, local do evento, para as atividades que pontuou-se na proposta de “Lei de proibição de destruição do cerrado”.
apresentação dos trabalhos
Após essa página foi a vez de apresentação da “Política do MATOPIBA” e ações dos trabalhos da COOPRAMA nas áreas do Crédito Fundiário com alternativas para o desenvolvimento das comunidades tradicionais, ministrado e explanado por Romiro Marques (Técnico coordenador do Crédito Fundiário na Região), teve a participação da plateia no que se diz respeito a perguntas e dúvidas que foram tiradas. O evento finalizou ao meio dia com os encaminhamentos finais: “Proposta de audiências públicas nas comunidades, principalmente as mais atingidas pelo agronegócio com o intuito de discutir o processo de Lei de proibição de desmatamento do cerrado; valendo ainda uma discussão mais ampla, não apenas na questão da destruição do cerrado (chapadas) para o plantio de monocultivos, mas a proteção dos espaços sociais das comunidades, a conquista de mais terras, regularização fundiária e titulações, acentuado os desacatos sociais, morais e culturais destas comunidades como o assassinato de animais domésticos e de trabalho dos camponeses: (jumento, cavalo, gado, burro e etc), pois os trabalhadores precisam manter suas práticas tradicionais de sobrevivência e reprodução social. 
almoço comunitário
Outro ponto foi sobre as informações da existência do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, sendo este uma entidade de direito formada com integrantes de entidades sociais como o STTR, associações Comunitárias, pastorais sociais, Igreja Católica e evangélicas e setores da sociedade civil organizada. O seminário foi proveitoso e todos os pontos serão colocados em prática. Precisa-se reerguer as lutas em defesa dos direitos humanos no Baixo Parnaíba. Viva a Reforma Agrária com paz, justiça e liberdade.

José Antonio Basto
Militante pela Reforma Agrária

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