terça-feira, 15 de março de 2016

A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA DOS RIOS PARA AS COMUNIDADES RURAIS DO BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE

Rio Preguiças - Comunidade Santa Filomena, Baixo Parnaíba
Imaginemos como ficaria a situação das pessoas se a água deixasse de existir um dia. A sobrevivência humana estaria comprometida, assim como as das plantas e animais e outros seres. Não podemos pensar na ideia de vida com a ausência da água. É de costume tradicional os camponeses acordarem cedinho para começar seu dia de lutas em suas lavouras, em suas pescas... afazeres. Antes de seguir para sua roça, normalmente o camponês vai olhar suas caçoeiras, seus jiquis, bóias e aproveita para tomar um banho. As comunidades rurais precisam dos recursos hídricos para manter suas sobrevivências: bebem, pescam, lavam e desenvolvem sua agricultura nos baixões e brejos, além do extrativismo de espécies vegetais que brotam próximas aos rios, chapadas e igarapés.... palmeiras, juçara e buriti são fonte de alimentação e em alguns casos até renda familiar. No Território do Baixo Parnaíba as populações tradicionais vivem ameaçadas pela falta de água, rios e riachos estão secando a cada momento, as cabeceiras dilaceradas pelo avanço da silvicultura. Os modos de vida estão passando por um processo lento de transformação social. No município de Urbano Santos por exemplo, a água dos rios e riachos que abastecem as comunidades rurais é sugada pelos mais de 50 mil hectares de eucalipto plantado no território, este projeto além dos problemas de impactos ecológicos, agrava-se ainda  mais os conflitos fundiárias que já se arrastam em nossa região desde décadas passadas, de um lado os camponeses e do outro a Empresa Suzano Papel e Celulose.
Rio Preguiças - Comunidade Santa Filomena, Baixo Parnaíba
As plantações de eucalipto acabam com as nascentes dos rios, a espécie não traz nenhum benefício para as comunidades. A reforma agrária parada no tempo, titulações e regularizações de terras, processos tramitando no INCRA e no ITERMA desde décadas e nada resolvido, entra governo e sai governo. Rios importantes do Território do Baixo Parnaíba como o Preguiças, Parnaíba e outros, lagoas, Rio Mocambo e Boa Hora  há 20 anos atrás eram muito diferentes –, volumosos, enchiam no período do inverno, com fartura de peixes e água a vontade, transbordavam além de suas margens,  irrigando a terra para o florescimento e desenvolvimento dos produtos da agricultura familiar nas roças camponesas. Todos esses rios e fontes naturais estão em situações lamentáveis hoje em dia. As nascentes ameaçadas por empreendimentos que só destroem a natureza. Os trabalhadores rurais nascidos e criados nestas comunidades aprendem na prática como valorizar seu espaço de sobrevivência, aprendem a nadar desde criança. Os modos de vida de um camponês não pode ser comparado com o de uma pessoa que mora na grande metrópole, são culturas diferenciadas... um lavrador precisa da terra, da água para se manter. As populações urbanas também necessitam e muito da água que vem do interior... esta água a cada momento fica mais rara, cara e aos poucos desaparece. As bandeiras de lutas dos movimentos em defesa das comunidades tradicionais devem ser hasteadas novamente neste chão, regado de sangue e suor de muitos companheiros e companheiras que tombaram nessa guerra. As velhas organizações do Baixo Parnaíba que conseguiram muitas conquistas há alguns anos, tem que se reerguer e juntas darem as mãos em novas batalhas no enfrentamento de velhos problemas, numa visão coletiva de que uma outra história será possível. As comunidades querem paz, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável e solidário... água para crescer, para beber... para viver!

José Antonio Basto
(98) 98607-6807




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