segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

"BACURI': A RIQUEZA NATURAL DO SÃO RAIMUNDO, BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE



Dona Maria de Paula com seus bacuris - Pov. São Raimundo

Esse fruto importante das chapadas do Baixo Parnaíba Maranhense – riqueza incontestável de comunidades tradicionais como o São Raimundo - há mais de 50 quilômetros de Urbano Santos. A colheita do bacuri que vai de janeiro a abril, muito ajuda na economia familiar dos moradores desses povoados, são práticas e manejos que se perpetuam de pais para filhos. A polpa do bacuri que é tirada através de tesouras pelas mãos das mulheres e homens num circulo coletivo, esse ano a matéria prima atingiu um preço significativo talvez pela falta dos bacurizeiros no cerrado: problema esse causado por motivo da derrubada do fruto verde e em alguns casos o corte ilegal da madeira para cerrarias. O Povoado São Raimundo é uma das comunidades modelo quando se fala de preservação ambiental das chapadas e do território, pois seus moradores trabalhadores e trabalhadoras rurais sabem da grande importância para a vida que essas chapadas lhes oferecem. O bacuri possuir alguns nutrientes em ​​quantidades notáveis de Fósforo, Potássio, Ferro, Cálcio e vitamina C... é sobretudo consumido cru ou misturado com suco. Sua casca também é aproveitada na culinária regional e o óleo extraído de suas sementes é usado como anti-inflamatório e cicatrizante na medicina popular e na indústria de cosméticos. Encontrado em todo território do Baixo Parnaíba - região que infelizmente sofre com a invasão do agronegócio do eucalipto e soja. Muitas áreas de bacuris já foram devastadas para o plantio de monocultivos em mais de 16 municípios - esse impacto social e ecológico gerou muitos conflitos entre a Empresa Suzano e famílias camponeses que defendem e lutam pela concretização de direitos humanos. Pois essas famílias já viviam e reproduziam há séculos nesses espaços culturais. O São Raimundo luta pela terra, luta pela sobrevivência em harmonia com a natureza. Quando chega o período do inverno e da safra os frutos desabam no chão, as mulheres sobe a chapada com seus côfos e jacás para a colheita. Aquela comunidade trabalhadora tem consciência de colher o bacuri no tempo certo porque o bacuri faz parte de suas vidas, sendo que a comunidade precisa diretamente da chapada para sobreviver.
José Antonio Basto
Novembro de 2015

 

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