terça-feira, 8 de setembro de 2015

Os desconhecidos no Baixo Parnaíba e as questões que atrapalham a luta pela posse da terra.


[imagem da web]
Há menos de trinta e cinco anos atrás, a praga da monocultura (eucalipto e soja) não imperava nas terras rurais da Região do Baixo Parnaíba Maranhense; muitos anos antes dessa tremenda invasão capitalista e descontrolada as comunidades tradicionais já praticavam seus modelos culturais na agricultura familiar, pesca, extrativismo e caça para suas sobrevivências. A parti de então, no início da década de oitenta sofreram um impacto ecológico e social, se deparando com mudanças drásticas que se perduram até os dias de hoje, infelizmente muito complicadas para serem revestidas em seus estados primários.

As terras devolutas do estado, por exemplo, que em suas grande maioria ainda não passaram pelo processo de Reforma Agrária, as comunidades organizadas através de associações de trabalhadores rurais vem implorando para que o ITERMA faça o seu dever de vistoriar e arrecadar essas terras para que assim os trabalhadores e trabalhadoras tenham uma minúscula parte de seus direitos garantidos por lei. Entende-se em pormenores que a Reforma agrária seja a reorganização da estrutura fundiária com o objetivo de promover a distribuição mais justa das terras, mas também não é só isso, pois territórios como o do Baixo Parnaíba do qual o presente texto se refere -, essa região assim como muitas outras pelo Brasil se encontra em situações extremas; se realmente fosse feita uma Reforma Agrária massiva no Baixo Parnaíba hoje, como prega o movimento social, era preciso estratégias preliminares sabendo diferenciar os modelos de produção que geram economia familiar. Primeiro que os poderes competentes para fazer acontecer a Reforma, estes podemos dizer que nem se preocupam com tais questões consideradas por eles como polêmicas e sem jeito, são interessados apenas pelo voto no período eleitoral, depois que conseguem cadeiras nas representatividades legislativas e executivas, esquecem dos compromissos e nada fazem para aqueles e aquelas que vivem na miséria, desprovidos de direitos e políticas básicas como saúde, educação e segurança pública. Nesse sentido os camponeses pecam porque deixam de acreditar em pessoas de suas próprias comunidades que dividem a luta lado a lado e então seguem orientações de estranhos e magnatas que nada tem haver com a luta no campo; um ditado popular diz: “enquanto o pequeno não acreditar no pequeno vai ser difícil para se conquistar vitórias concretas”. As brigas internas de trabalhadores com trabalhadores é uma das armas mais poderosas dos latifundiários e grupos empresariais, quando as comunidades estão em conflitos particulares entre sim, questões de famílias e vizinhos, o grande proprietário fica sorrindo, porque ao invés de estarem lutando na coletividade, as organizações desgastam-se a cada momento em batalhas sem futuro. A luta deve ser contra o sistema em defesa dos direitos para todos e todas e não para suprir necessidades individuais. As organizações de trabalhadores como STTRs, Colônias, Sindicatos de Pescadores e Sindicatos de Trabalhadores na Agricultura Familiar são órgãos responsáveis para o fortalecimento da luta, mas não é isso que se ver, em quase todos esses setores existem divergências internas e pessoais, brigas entre diretorias por salários e não pelo sentimento de liberdade e posse da terra, além de sindicatos atrelados ao sistema. Esse enfraquecimento das organizações tem contribuído para o avanço do agronegócio no país e pela negatividade dos índices de títulos de terras tanto no INCRA quanto no ITERMA.

Aqui no Baixo Parnaíba não tem sido diferente, já houve um tempo em que o fogo da luta conduzia os trabalhadores, quando se fazia constantemente seminários, formações e determinados encontros para debater esses assuntos, tudo isso foi mudando porque alguns agentes que levavam as bandeiras de vanguardas na frente caíram em propostas de prefeitos para serem secretários, outros aproveitaram o movimento para se promoverem candidatos a vereadores, quando sentaram e chegaram nas cadeiras e gabinetes não tiveram mais coragem de enfrentar o inimigo e lutar por aqueles e aquelas que lhes botaram no conforto, até prefeitos e vices – prefeitos foram promovidos e erguidos por via da grande força das comunidades do Baixo Parnaíba; o pouco que fizeram foi vencido pelo que deixaram de fazer: fazer valer as vozes dos oprimidos que nunca tiveram dinheiro, mas alcançaram respeito, tiveram coragem e força de lutar por um sonho  romântico de um Baixo Parnaíba renovado com seus recursos que foram roubados, isso talvez seja somente mesmo um sonho romântico: pois a realidade de nossa Região do Baixo Parnaíba é totalmente diferente do que se ler, se escreve e se pensa. Essa realidade é enfrentada a cada dia para quem mora nos povoados e se depara com a prática e não apenas com a teoria.

José Antonio Basto
bastosandero65@gmail.com
(98) 98607-6807

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