segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

De um lado a defesa, do outro a exploração!

Quantas desavenças, quantos conflitos na insistência pela terra – ela foi formada há muito tempo atrás, mas não foi distribuída e nem atestada pra ninguém. Quem pratica seu bem social deve merecê-la por direito! De um lado a defesa para o bem comum do uso social, do outro a expropriação e espoliação de quem reside, devastam para lucrar com seus bens naturais. Quem mora, defende para o cultivo salvando o que ainda resta de natural. Quem morou lá há um século? Quem trabalhava lá no sustento da família? Quem catava coco, bacuri, pequi? Quem sempre viveu da chapada? O território tem como donos os que dizem ser seus próprios papeis vivos – quanto tempo já se passou! As capitanias hereditárias não mais existem e rudimentalizaram sua política da estrutura agrária! Quem usa e ocupa a terra são seus donos... Os verdadeiros documentos. Que a ciência, a topografia, os mapas forjados e o dinheiro tentem desmentir o sentimento cultural – não prevalece! Os sonhos estão lá plantados e regados de sangue, suor e luta. Estão lá as tumbas, os saberes, as roças, a água e a sobrevivência dos filhos e netos. Ouve-se um tempo em que tudo era diferente, a coletividade, o desapego, mutirões e solidariedade imperava no meio das comunidades. Todos faziam seus ofícios num código de bom censo. Muita fartura de tudo. De repente chega o chamado progresso na promessa de modernização do meio social e do campo – aconteceu de outro modo, na enganação inicial para o uso do espaço. Entra no jogo a grilagem com o nascimento de documentos nunca encontrados, os viventes ficaram sem entender o que se passava. Suas terras foram colonizadas por espécies estranhas daquelas que eram acostumados verem – a dinâmica do consumismo permitira todo esse retrocesso de dor e transformação no meio ambiente. O que diziam ser um pequeno espaço para uma experiência que achavam não dá certo se alargava as florestas por toda região, tomaram conta de quase tudo e substituíram o cerrado – levando consigo a violência e a intimidação dos verdadeiros defensores. O Pessoa ensinou que “Tudo vale a pena / quando a alma não é pequena”. Todos defendem sua casa, isso é mais do que justo e normal. A mãe sempre defende sua cria porque sabe que ela é indefesa. O sonho se renova em meio ao conflito. A esperança é o alicerce de alimentação do ideal. Planta-se uma nova semente na esperança de germinar e brotar novos bons frutos não apenas para os de hoje, mas em memória dos de ontem e apostando nos de amanhã.

José Antonio Basto

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