segunda-feira, 23 de maio de 2016

O capitalismo verde do agronegócio no Baixo Parnaíba Maranhense

campo de eucalipto (Baixo Parnaíba)
Ela veio de São Paulo para ficar. A família Suzano reestabeleceu seus laços com as terras que nunca lhe pertencera, longe dali, do sudeste do país, ela mantém seus campos verdes no Nordeste brasileiro, região leste do maranhão, território de inúmeros conflitos fundiários na disputa por terra. Por que essas terras são tão cobiçadas? Porque são vendidas a preço de banana. Nossas comunidades vivem momentos de tensão em defesa do seu território, fazem suas roças nos beirais do eucalipto, pois as matas estão poucas, mais tarde onde realizarão suas lavouras? Da década de 80 pra cá o eucalipto chega a ser um grande problema para as comunidades tradicionais, contribui para aumento dos conflitos fundiários e destrói o meio ambiente (fauna e flora), sugando nossas águas e botando em perigo de extinção os poucos animais que restam nas chapadas. Quando a Suzano chega sob o nome de “Comercial e Agrícola Paineiras LTDA” em Urbano Santos, trouxe consigo o senso de enganação. A comunidade Santo Amaro foi a primeira vítima, diziam que a monocultura do eucalipto traria desenvolvimento e progresso para a comunidade e que não seria maléfica, ainda afirmavam com suas mentiras que não alargaria seus projetos no município.
seminário contra o eucalipto (Pov. S. Raimundo)
Os experimentos deu certo e o conflito com a CEB local começava também. Orientados, os trabalhadores rurais defendiam suas áreas agrícolas, de coletas de frutos, buritizais e o Rio Mocambo donde tiravam o sustento da família. Na época a “Paineiras” adquiriu terras plantadas de eucalipto da Margusa, quando esta passava por uma crise financeira. Com essas reviravoltas em 2003 a Margusa retornou seus ofícios, ao mesmo tempo em que foi comprada pela GERDAU, em seguida, por questões administrativas e pelo fato do EIA-RIMA não ter sido concluído com sucesso o grande plano da Margusa plantar 100 mil hectares de eucalipto em todo estado, a GERDAU em 2007 botava um ponto final na parceria. A partir de 2008, com a diminuição das articulações do movimento social no Baixo Parnaíba, a Suzano aproveita para expandir com força total o projeto capitalista do agronegócio, em terras que a antiga Paineiras já tinha se apropriado anteriormente.
chapada da bicuíba (Baixo Parnaíba)
Mas essas terras não eram suficientes para plantar e atender uma grande demanda, portanto precisava-se de mais áreas de chapadas para o cultivo do eucalipto, daí os confrontos de camponeses com a empresa do empreendimento, exemplifica-se portanto com ênfase o casos das questões da Comunidade Bracinho (Anapurus), São Raimundo (Urbano Santos) e Coceira (Santa Quitéria), essas comunidades defendem seus territórios e passaram até hoje incomodar a empresa e latifundiários. Em 2005, explode um grande número de novos conflitos que se expandiram e alguns continuam até os dias de hoje. Casos que se encontram na justiça e nos órgãos fundiários ainda esperam resultados. A Região das chapadas do Baixo Parnaíba se transformou no que eles chamam de “floresta plantada” – mas floresta não se planta. Uma chapada nasce naturalmente. “Monstros verdes” – seria esse o nome mais adequado para explicar os campos de eucalipto da Suzano -, ou como já dizia anteriormente: uma “Floresta morta que mata tudo”.
                       
José Antonio Basto




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